Um comercial da Folha de São Paulo que foi ao ar nas TVs na década de oitenta figura como uma das melhores peças do segmento no mundo em todos os tempos. Nele, pontos em cor preta são mostrados enquanto um narrador descreve uma série de ações executadas por um governante que trouxeram melhorias para os cidadãos do seu país.
Conforme a imagem se abre e a mensagem termina, aparece, na soma de todos os pontos pretos, um desenho de Adolf Hitler. E uma voz grave sentencia: “É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”. E acrescenta: “Por isso, é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe”.
Para além de uma antológica peça publicitária, o comercial da Folha encerra uma lição extremamente valiosa para quem consome informação, ou seja, todos nós em maior ou menor grau.
O universo multimídia em que vivemos promove um processo contínuo e frenético de uma revolução das ferramentas, plataformas, hábitos e cultura da comunicação e, consequentemente, da transmissão da informação.
As notícias correm na velocidade dos gigabate da internet e chegam a nossos computadores, tablets e smartphones no impulso do imediatismo. Com esses equipamentos em mãos e as redes sociais em ebulição, qualquer indivíduo torna-se um propagador de notícias, um dublê de jornalista.
O problema é que os princípios mais elementares do jornalismo, sobretudo da checagem das informações e, portanto, a garantia da legitimidade e veracidade, são ignorados e, assim, as pessoas consomem mais informações, porém frequentemente ficam mal informadas.
Ou seja, passamos de um período de maioria desinformada para tempos de massas mal informadas. E, nessa esteira, mentiras, armações e inverdades em geral acabam sendo disseminadas com tal força que, repetidas mil vezes, acabam se tornando verdade para muitos.
Assim, acabam sendo freqüentes os casos em que uma informação resulta em mal informar simplesmente porque não foi transmitida adequadamente. Vou citar um exemplo para ilustrar.
Essa semana, foi amplamente difundido que o Açude de Boqueirão recebeu uma recarga de 170 mil metros cúbicos em 24 horas. Notícia completamente verdadeira. Porém, como boa parte dos cidadãos que a recebem não fazem o contraponto entre estes dados e as condições do manancial, muitos acreditam que o aporte de água no Epitácio Pessoa foi significante, quando, no quadro geral, não foi. 170 mil metros cúbicos implicam em algo como 0,2% de acréscimo, consumíveis em um ou dois dias.
Isso é o que na universidade os professores ensinam aos futuros jornalistas como sendo jornalismo interpretativo em sua faceta mais elementar e essencial.
É oportuno ressaltar que as distorções podem ser acidentais, podem ser fruto apenas da falta de capacidade técnica ou até intelectual de quem as produz ou propaga, pode ser mesmo uma brincadeira de gosto duvidoso. O pior, porém, é que podem ser – e muitas vezes são – planejadas para desinformar, mal informar, confundir e até difamar.
Portanto, amigo, abra o olho. Até mesmo uma verdade pode encerrar uma grande mentira.
Conforme a imagem se abre e a mensagem termina, aparece, na soma de todos os pontos pretos, um desenho de Adolf Hitler. E uma voz grave sentencia: “É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”. E acrescenta: “Por isso, é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe”.
Para além de uma antológica peça publicitária, o comercial da Folha encerra uma lição extremamente valiosa para quem consome informação, ou seja, todos nós em maior ou menor grau.
O universo multimídia em que vivemos promove um processo contínuo e frenético de uma revolução das ferramentas, plataformas, hábitos e cultura da comunicação e, consequentemente, da transmissão da informação.
As notícias correm na velocidade dos gigabate da internet e chegam a nossos computadores, tablets e smartphones no impulso do imediatismo. Com esses equipamentos em mãos e as redes sociais em ebulição, qualquer indivíduo torna-se um propagador de notícias, um dublê de jornalista.
O problema é que os princípios mais elementares do jornalismo, sobretudo da checagem das informações e, portanto, a garantia da legitimidade e veracidade, são ignorados e, assim, as pessoas consomem mais informações, porém frequentemente ficam mal informadas.
Ou seja, passamos de um período de maioria desinformada para tempos de massas mal informadas. E, nessa esteira, mentiras, armações e inverdades em geral acabam sendo disseminadas com tal força que, repetidas mil vezes, acabam se tornando verdade para muitos.
Assim, acabam sendo freqüentes os casos em que uma informação resulta em mal informar simplesmente porque não foi transmitida adequadamente. Vou citar um exemplo para ilustrar.
Essa semana, foi amplamente difundido que o Açude de Boqueirão recebeu uma recarga de 170 mil metros cúbicos em 24 horas. Notícia completamente verdadeira. Porém, como boa parte dos cidadãos que a recebem não fazem o contraponto entre estes dados e as condições do manancial, muitos acreditam que o aporte de água no Epitácio Pessoa foi significante, quando, no quadro geral, não foi. 170 mil metros cúbicos implicam em algo como 0,2% de acréscimo, consumíveis em um ou dois dias.
Isso é o que na universidade os professores ensinam aos futuros jornalistas como sendo jornalismo interpretativo em sua faceta mais elementar e essencial.
É oportuno ressaltar que as distorções podem ser acidentais, podem ser fruto apenas da falta de capacidade técnica ou até intelectual de quem as produz ou propaga, pode ser mesmo uma brincadeira de gosto duvidoso. O pior, porém, é que podem ser – e muitas vezes são – planejadas para desinformar, mal informar, confundir e até difamar.
Portanto, amigo, abra o olho. Até mesmo uma verdade pode encerrar uma grande mentira.
0 Comentários