As relações entre os políticos são tão instáveis que a gente mal tem tempo de se acostumar com a ideia de que fulano e sicrano se uniram e eles já romperam e aliaram-se aos inimigos do ano anterior.
Quem tem uma visão mais condescendente chama isso de dinâmica da política. Quem tem menos paciência solta logo pérolas como o rifão de que todo político calça quarenta. Embora possa ser que nem todos, mesmo que você nunca tenha conhecido uma exceção a confirmar a regra.
Aqui nestas terras tabajarinas, talvez pelo ar tórrido das nossas belas praias somado ao vento quente do semiárido, as paixões políticas são mais apaixonadas, embora, na prática, para um observador minimamente alerta, nada haja de apaixonante.
E paixão, todos sabem, pode ser tão avassaladora quanto passageira. Se o poeta classificou o amor como “fogo que arde sem se ver”, a paixão é labareda de munturo, chama de bascui, fogo de palha.
No caso da política, foco do nosso exercício diário de análise, todos os amores são oportunistas e todas as paixões duram exatamente o tempo da conveniência mútua dos interesses.
As alianças simbolizam apenas e tão somente a celebração de um pacto em que as aspirações de caciques convergem. É um contrato desobrigável de cumprimento a qualquer momento, uma mera convenção de projetos no fundo pessoais.
Faça você mesmo um exercício aí. Separe os nomes dos principais políticos da Paraíba e liste com quem ele se aliou e com quem brigou nos últimos dez, quinze, vinte anos. O resultado dessa matemática é um tremendo balaio de gatos.
Isso tudo não é de surpreender nem admirar. O que ainda espanta é que haja tanta gente disposta a se perfilar apaixonadamente em um dos lados, envolvendo-se em confrontações acaloradas e arrumando intrigas por causa de voto.
E nem é o caso de mencionar aqueles que agem motivados pelos interesses pessoais, aquelas figuras que são profissionais em gravitar em torno de políticos, afinal, esse segmento encontra nos aceiros da estrada tumultuada da política um meio de vida.
Impressiona é ver tanta gente que não precisa necessariamente desse tal mundo para viver, mas que se envolve até a alma, que age na emoção de um torcedor e se deixa levar pelas futricas tramadas pelos políticos.
Se dependesse da classe política, seríamos uma cidade de intrigados, de inimigo a ferro e fogo, de facções trocando ódios. E há quem se deixe levar por tais armadilhas.
Enquanto isso, os políticos arengam e se dão bem, ainda que alternadamente. E nosso estado e nossas cidades andam para trás. E eu tenho minhas dúvidas se eles todos não se encontram em algum lugar secreto e, no melhor estilo dos vilões de desenhos animados, ficam rindo, juntos, da gente.
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Para ouvir a coluna, clique AQUI e ouça no site da Campina FM
Quem tem uma visão mais condescendente chama isso de dinâmica da política. Quem tem menos paciência solta logo pérolas como o rifão de que todo político calça quarenta. Embora possa ser que nem todos, mesmo que você nunca tenha conhecido uma exceção a confirmar a regra.
Aqui nestas terras tabajarinas, talvez pelo ar tórrido das nossas belas praias somado ao vento quente do semiárido, as paixões políticas são mais apaixonadas, embora, na prática, para um observador minimamente alerta, nada haja de apaixonante.
E paixão, todos sabem, pode ser tão avassaladora quanto passageira. Se o poeta classificou o amor como “fogo que arde sem se ver”, a paixão é labareda de munturo, chama de bascui, fogo de palha.
No caso da política, foco do nosso exercício diário de análise, todos os amores são oportunistas e todas as paixões duram exatamente o tempo da conveniência mútua dos interesses.
As alianças simbolizam apenas e tão somente a celebração de um pacto em que as aspirações de caciques convergem. É um contrato desobrigável de cumprimento a qualquer momento, uma mera convenção de projetos no fundo pessoais.
Faça você mesmo um exercício aí. Separe os nomes dos principais políticos da Paraíba e liste com quem ele se aliou e com quem brigou nos últimos dez, quinze, vinte anos. O resultado dessa matemática é um tremendo balaio de gatos.
Isso tudo não é de surpreender nem admirar. O que ainda espanta é que haja tanta gente disposta a se perfilar apaixonadamente em um dos lados, envolvendo-se em confrontações acaloradas e arrumando intrigas por causa de voto.
E nem é o caso de mencionar aqueles que agem motivados pelos interesses pessoais, aquelas figuras que são profissionais em gravitar em torno de políticos, afinal, esse segmento encontra nos aceiros da estrada tumultuada da política um meio de vida.
Impressiona é ver tanta gente que não precisa necessariamente desse tal mundo para viver, mas que se envolve até a alma, que age na emoção de um torcedor e se deixa levar pelas futricas tramadas pelos políticos.
Se dependesse da classe política, seríamos uma cidade de intrigados, de inimigo a ferro e fogo, de facções trocando ódios. E há quem se deixe levar por tais armadilhas.
Enquanto isso, os políticos arengam e se dão bem, ainda que alternadamente. E nosso estado e nossas cidades andam para trás. E eu tenho minhas dúvidas se eles todos não se encontram em algum lugar secreto e, no melhor estilo dos vilões de desenhos animados, ficam rindo, juntos, da gente.
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