A comunicação é uma ferramenta-chave do gerenciamento de crise. E até agora, em quase sete anos de governo, o prefeito Romero Rodrigues não havia enfrentado o desafio de uma crise grave. Isso mudou a partir da deflagração da “Operação Famintos” na última quarta-feira.
Desde então, passado o período inicial do choque, o governo precisou definir sua linha de atuação e reação. O que fazer? O que dizer? Quando exatamente dizer? Como dizer? Por qual meio dizer?
Não é uma crise daquelas que se aplaque com uma agenda positiva. Não é daquelas que um fato novo possa amenizar. Há denúncias graves; há servidores presos e afastados dos cargos e funções; há dois secretários do alto escalão que tiveram de deixar o governo; uma auxiliar das mais respeitadas cumpre prisão.
Sob a turbulência, no terremoto da crise, as medidas adotadas têm sido trazidas a público por meio de notas e releases. Mas, passado o momento imediato, a primeira manifestação, que em regra pede de fato a formalidade e frieza de uma nota oficial, a hora é de Romero Rodrigues, prefeito eleito e reeleito, vir a público, se fazendo ver e ouvir.
As medidas adotadas, desde a suspensão dos contratos à substituição provisória dos ex-secretários, assim como a criação de uma Controladoria Geral do Município, são iniciativas que deveriam ser anunciadas pelo prefeito em pessoa, idealmente em uma coletiva de imprensa.
Este, aliás, é um “enfrentamento” inevitável. Romero terá que falar à imprensa e, mais que isso, receber a saraivada de questionamentos naturais, inevitáveis e necessários que fogem dos releases pré-elaborados e exaustivamente analisados.
Numa coletiva, de frente a um “pelotão” de repórteres e seus microfones e câmeras. Sem ensaios, sem controle da abordagem.
Porque antes disso não poderá seguir seu governo com uma mínima normalidade cotidiana, não conseguirá cumprir agenda alguma, por mais positiva (como o sorteio da ocupação das casas do Aluízio Campos), já que, enquanto não falar publicamente sobre os fatos destes últimos dias nenhum outro será notícia.
Não é a imprensa que precisa dessa coletiva, é o prefeito e sua gestão. Não são jornalistas que esperam por essa fala, é o povo de Campina Grande.
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