Em plena manhã de quinta-feira, em uma das principais vias do centro de Campina Grande, o trânsito trava. Motivo: dois carros-fortes parados em fila dupla na porta da agência da Caixa Econômica Federal barram a passagem de um ônibus que, por sua vez, impede completamente o fluxo.
Apenas e tão somente quando, depois de minutos, os motoristas dos veículos resolvem estacionar na margem mais à frente da rua, o tráfego lentamente volta a fluir.
Enquanto isso, porém, os passageiros dos ônibus e os motoristas dos carros, assim como os pedestres e as pessoas que se aglomeram como formigas nas calçadas, ficam a mercê de uma tragédia iminente.
Afinal de contas, o que aconteceria se bandidos resolvessem atacar para roubar o dinheiro transportado pelos veículos? E se os vigilantes revidam e ocorre uma troca de tiros? Quantas pessoas seriam feridas? Quantos mortos haveria?
Seria uma tragédia.
E se mudarmos o tempo verbal? Ou seja, o que acontecerá no dia em que a cena ora descrita acabar efetivamente ocorrendo, como uma tragédia que apenas se anuncia e espera a hora de ocorrer?
Pior, o trânsito de dinheiro durante horários de pico de carros e gente é uma ação intencional das empresas de transporte de valores. O ser humano é feito de escudo. A ideia é que a movimentação de pessoas e veículos atrapalharia uma fuga em caso de ação criminosa.
Uma lógica que funcionará até quando um grupo de bandidos resolver testá-la. Aí, a população pagará a conta. Muitos com a própria vida.
Um projeto de lei para restringir essa movimentação de montanhas de dinheiro no meio da rua foi apresentado por um vereador – Ivan Bastista. Mas, o lobby das empresas de segurança é forte e a matéria não avançou.
Aguarda no fundo de uma gaveta até que uma desgraça lembre o quão fundamental – e, sim, constitucional – era. O mal é que, para muitos inocentes, será tarde demais. Vão morrer de graça por causa do dinheiro dos outros.
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